Renato Lopes

Hoje é 4 de maio de 2024. Santa Maria, RS / Itajaí, SC
 
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Viagens e Aventuras


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Desafio Valente FC - RS - 2022

Desafio Valente FC - RS - 2022

Saudações caros amigos leitores!
Essa “brincadeira”, que de brincadeira nada tem, parece que me tomou de jeito. No rápido relato do Rodoviário Fazedor de Chuva BR 101, me reportei que meus pensamentos seguiam na direção de outros desafios.
E foi assim, por essas rutas que meu pensamento se manifestava naquele momento.
“ Seguindo em frente, logo se chega a Capivari do Sul, um pequeno munícipio do RS muito bem organizado na sua parte urbana. Como de regra a velocidade urbana é muito baixa, avistei um lindo prédio as margens da rodovia BR 101, na entrada da cidade, e parei para conferir, quando um garoto indo de bicicleta para a escola, para e pergunta sobre a moto e tal... Nesse momento, olhando para prédio, lá estava um letreiro destacado, indicando Prefeitura Municipal.
Após me despedir do garoto, aproveito para me hidratar, e surge nos meus pensamentos a ideia de expandir os desafios, quem sabe dar partida no Valente RS ou mesmo o Lendário 1ª Conta. Assim, às 12 h e 46 min, resolvi fazer a foto em frente à Prefeitura de Capivari do Sul, RS, e liberei meu pensamento para ver onde me levaria. E foi até a próxima cidade. ”
De modo que naquele dia, 04/11/2021, eu estava dando início ao Valente FC – RS, aproveitando as cidades que iria visitar pelo caminho ainda a percorrer, até retornar para casa daquela viagem. Imaginei que seria um bom começo para quem pretende atingir mais um Valente FC. Agora seria meu Estado natal, e por certo, dar o pontapé para a conta das 1.000 cidades.
E assim foi, entre os dias 04 a 07/11/2021, consegui visitar e fazer o registro previsto nos preceitos e regras do desafio Valente FC, de 16 municípios do RS. Capivari do Sul – Mostardas – Tavares – São José do Norte – Rio Grande – Santa Vitória do Palmar – Chuí – Pelotas – Turuçu – São Lourenço do Sul - Cristal – Camaquã – Sentinela do Sul – Guaíba – Charqueadas – Porto Alegre.
Como já tinha fotos nas Prefeitura de Aceguá e Jaguarão quando iniciei a BR 153 e BR 116, já são 18 Municípios visitados. Um bom início para quem saiu afim de concluir a BR 101.
Esse foi um projeto sem data para concluir, mas eu estava na expectativa de ver se conseguiria me segurar sem me enforcar na peiteira.
Pois então meus amigos, não consegui me segurar por muito tempo. No dia 22/11/2021, decidi ir para a estrada para fazer umas 35 cidades do RS, e como foi tudo muito rápido não planejei muito, inclusive acabei saindo tarde de Itajaí, tendo como primeiro destino Torres. Cheguei na Prefeitura às 12 h e 50 min, que tem acesso relativamente bem rápido, e assim, dei partida a um roteiro que seria até o dia 25. Mas como estava um clima agradável e pensando bem, já que estou aqui, vamos esticar mais um dia e meio...
E foi assim que consegui passar por 48 Prefeituras do litoral Norte e Grande Porto alegre, retornando para Itajaí no dia 26/11/21, por volta das 22 h, com chuva e congestionamentos na BR 101, de Palhoça a Balneário Camboriú, notadamente em razão de dois acidentes.
Após uma pequena pausa de final de ano, retornei ao RS para continuar a percorrer os Municípios na região da Serra. Parti de Itajaí dia 17/01/22, por volta das 06 h e 30 min, e às 12 h e 45 min já estava em frente à Prefeitura de Glorinha. Meu plano inicial era ficar por lá até quinta-feira e retornar na sexta-feira, dia 21, com 65 cidades visitadas.
Nesse primeiro dia consegui registrar 10 Prefeituras, em um dia que experimentei temperaturas acima de 39 ºC e, no final da tarde, fortes chuvas nas cidades de Nova Rita do Sul e Esteio, onde tive de ficar por 45 min aguardando passar o temporal que se abateu pela região, deixando rastros de muitos danos em residências, árvores caídas e rede elétrica danificada.
No dia 18, iniciei os registros fotográficos pela cidade de Portão, e apesar do calor que atingia o RS, o dia rendeu 23 cidades visto que praticamente todas as cidades são muito próximas. Em Ivoti ainda aproveitei para visitar duas ótimas cachaçarias, a Bockorny e a renomada Weber Haus.
Em Montenegro após fotografar a Prefeitura, fiz um pit stop para um lanche por volta das 17 h, onde o motociclista Luis, dos Gaudérios Estradeiros, parou com sua moto de trabalho de tele entrega para conversar comigo, ao perceber que eu não era da cidade. Contamos algumas histórias um para o outro, coisas de motociclistas. Ele costuma viajar nos finais de semana com sua esposa, em uma moto CB 500 da Honda, e é conhecido na região por “Tchê”.
Na boca da noite cheguei na cidade Barão, as margens da BR 470, e acabei encontrando uma ótima pousada para o pernoite.
Dia seguinte foi interessante, primeiro ao percorrer a RS 122, rodovia Synval Guazzelli, no vale dos vinhedos entre Caxias do Sul e Antônio Prado, passando por Flores da Cunha, onde se verifica a pujança da produção de uva e grandes complexos de vinícolas e hotéis com vista privilegiada do vale.
Na beira da estrada, depois de Flores da Cunha me chamou a atenção uma Igrejinha com uma linda torre de tijolos a vista, isolada e afastada da Igreja. Parei para fotografar e observei que no pé da torre se encontrava um andarilho, vestindo roupa preta, para frio, com várias camadas, e um boné que parecia nunca ter sido lavado, como a própria roupa. Me aproximei daquele senhor com barba branca, que se encontrava agachado em frente a um pequeno fogo de chão, como chamamos no RS, aquecendo uma porção de feijão preto e um angu, em duas latas, tipo das de tinta, de um litro.
Me entristeci ao ver aquela cena, isso era 11 h, com sol de mais de 38 ºC, e ofereci uma barra de cereal e água. Ele aceitou, me agradeceu, conversamos um pouco e solicitei para fazer uma foto, ao que me respondeu anuindo. Uma cena inusitada para aquela região tão rica e bonita do RS, me fez relembrar muitas situações que presenciei nas minhas motoviagens mundo afora.
Após esse passeio espetacular pelo vale dos vinhedos, tive a oportunidade conhecer algumas cidades que ainda não havia estado e que eu nutria a vontade de conhecer in loco. Uma delas foi Antônio Prado, embora pequena, mas é uma das colônias italianas mais antigas no RS, possuí uma arquitetura típica com casas centenárias, em madeira, muito bem preservadas, todas tombadas como patrimônio histórico. O município tem uma forte produção de uva, vinho e cerveja.
Após Antônio Prado, fui para Nova Roma do Sul, onde a estrada está em obras de pavimentação, e restam ainda uns 10 km de estrada de chão, mas bem conservada. De Nova Roma até Pinto Bandeira, pela RS 448, estrada muito sinuosa, em um vale muito bonito, por longo trecho costeando um rio. Uma estrada que merece ser percorrida de moto.
Ainda a tarde, passei pelo Município de Coronel Pilar. Eu tinha uma curiosidade particular em conhecer essa cidade, pois me remete ao Patrono do 1º Regimento de Polícia Militar, ao qual tive a honra de servir por vários anos, na cidade de Santa Maria. Coronel Fabrício Batista de Oliveira Pilar, foi oficial do Exército Brasileiro, que teve grande destaque pela bravura e coragem em várias batalhas, quando defendia a República contra os Federalistas, vindo a falecer em combate heroicamente no ano de 1894.
O Município é pequeno, emancipado de Garibaldi no ano de 1996, conta com uma ínfima população urbana, em torno de 200 pessoas, de um total de pouco mais de 1.800 habitantes. A sede da Prefeitura é modesta, como de resto toda a pequena zona urbana. Como a Sede da Brigada Militar fica quase ao lado da Prefeitura, acabei por fazer umas fotos. Uma casa em madeira, muito bem conservada e limpa, com a disponibilidade de uma viatura policial.
O que chama a atenção no Munícipio, não poderia deixar de ser, é a Igreja que se destaca pela sua imponência, beleza e conservação. Também me chamou atenção o grande casario em madeira, tipicamente do interior, na cor amarela, muito bem conservado, que abriga um “bolicho”, como diz no interior do Estado, onde acabei fazendo o lanche daquela tarde de temperaturas elevadas.
Por outro lado, me surpreendeu o tamanho grandioso da sede da Prefeitura de Poço das Antas, contrastando com a pequenina cidade e população.
Para atingir meu objetivo do dia, acabei pilotando à noite, de Teutônia a Lajeado, onde pernoitei.
No dia seguinte, 20/01, acabei acrescentando mais 8 cidades no roteiro, apesar da temperatura elevada, que chegou a registrar 41 ºC no painel da moto. Fechei o dia na boca da noite em Charqueadas, com mais 19 cidades. O dia seguinte estava reservado para retornar para casa, sem antes fazer o registro em Eldorado do Sul, as margens da BR 290, próximo a Porto Alegre.
Por volta das 16 h de sexta-feira já estava em casa, com mais 74 cidades visitadas.
Dia 28 de janeiro de 2022 parti de Itajaí, SC, com a Wilma, para ela concluir o Rodoviário FC BR 101, visto que faltava tão somente o trecho de Itajaí até São José do Norte, no RS.
Após concluir o desafio com Wilma, em São José do Norte, RS, ainda fui pernoitar em Pelotas.
No dia seguinte partimos por volta das 08 h e 30 min, com destino a Santa Maria, mas eu já havia listado algumas cidades que ficam nesse itinerário, ao longo da BR 392.

E a primeira cidade a ser visitada foi Capão do Leão, onde chegamos às 08 h e 50 min. Cidade pequena, mal cuidada, quase fantasma para um sábado de manhã.

Seguimos para Morro Redondo, que após sair da BR 392, se chega a cidade por uma estrada muito sinuosa, bom asfalto, mas estreita e sem acostamento, com muitos aclives e declives, que a tornam mais perigosa. A cidade bem mais organizada e com uma ótima apresentação.
Retornamos a BR 392 para chegar até Canguçu, cidade das mais antigas da região, que eu passei na porta inúmeras vezes e não havia entrado para conhecer. Me surpreendi positivamente com a cidade, que tem pouco mais de 50 mil habitantes e conta com mais de 160 anos de história. A Prefeitura que fica em frente a uma bela Praça, onde encontramos um senhor aparentando seus 70 anos e algumas cicatrizes que o tempo lhe reservou, o qual se aproximou para conversar. Como de regra supresso com nossa viagem de motocicleta, pela distância e com a Wilma na garupa. Nos prestou algumas informações sobre a cidade e se despediu caminhando com alguma dificuldade.
Abastecemos a moto bem próximo a Prefeitura e seguimos para Santana da Boa Vista, também as margens da BR 392, que eu já conhecia. Cidade pequena, localizada no alto de vários morros, de muitos aclives e declives acentuados, e ruas na sua maioria com calçamento de pedra irregular. A Prefeitura bem modesta, como de resto a pequena cidade.
A próxima parada foi em Caçapava do Sul, as margens da BR 392, Município de pouco mais de 30 mil habitantes, com um passado de história em seus 190 anos de emancipação. Já foi Capital Farroupilha na época da revolução.
Hoje seguramente a economia se baseia na mineração do calcário, sendo um dos principais polos do RS, seguido pela agricultura e pecuária.
Na sequência, partimos para visitar Lavras do Sul, um Município também relativamente antigo, que em maio próximo, completará 140 anos de emancipação. É pequeno, com pouco mais de 7 mil habitantes e parece não ter evoluído muito desde a última vez que estive por lá, nos anos 80. Cidade que fica a 65 km da BR 392 em direção à fronteira com o Uruguai. A estrada e a paisagem típica da região da campanha, são as duas coisas que salvam essa visita. Muitas curvas de média e baixa velocidade, com pavimento perfeito, nos ofereceu prazer em pilotar até a pequena cidade.
Antes de aportar em Santa Maria, passamos para fazer o registro em São Sepé, as margens da BR 392, cidade já muito conhecida e visitada por nós, pois fica distante apenas 62 km de Santa Maria.
Às 17 h e 30 min, estávamos chegando em Santa Maria, onde ficamos hospedados em nosso apartamento.
O domingo reservamos para descanso e ajustar o roteiro que eu havia desenhado para a fronteira com Uruguai e Argentina. O combinado é que a Wilma ficaria em Santa Maria para rever uma irmã e acompanhar uma sobrinha, enquanto eu tentaria fazer em três dias uma grande parte das cidades da região da campanha, num total de 21 Municípios.
Dia seguinte parti às 6 h e 30 min, aproveitando o clima ameno das primeiras horas da manhã, e às 7 h já estava fotografando a Prefeitura de Dilermando de Aguiar. Onde aproveitei para visitar a antiga Estação Ferroviária, que muito representou para aquela população, a qual está relativamente preservada, pois a linha férrea ainda está em atividade para os trens de carga. Como filho de ferroviário, onde vivi minha infância nesse meio, as boas lembranças foram inevitáveis.
As 21 cidades eu já conhecia todas, mas vale ressaltar aos leitores algumas, como a cidade de Mata, conhecida nacionalmente por cidade das florestas petrificadas.
Cacequi também me trouxe boas recordações, pois foi um importante entroncamento ferroviário do RS, onde encontramos uma Estação Ferroviária bem conservada e sendo utilizada pelo Município para abrigar Secretárias, contribuindo assim para a preservação da memória do Município. Entroncamento esse, que no passado teve grande relevância na região, e hoje se encontra estagnado e decadente. Triste ver essa transformação negativa.
Quando estava me aproximando de Alegrete, cidade natal do meu pai, já falecido, foi um momento que muitas lembranças de histórias contadas me vieram a mente, sem eu fazer qualquer esforço. Região que na época tinha na pecuária sua principal atividade, e na qual meu pai trabalhava desde menino.
Em dado momento na estrada, muito bem conservada, até porque é relativamente nova, me deparo com um cenário tipicamente da campanha gaúcha. Diminui a velocidade e rapidamente percebi um tropeiro organizando o gado em uma bela estância. Parei a moto no acostamento, fiz um sinal para o cavaleiro, que se aproximou da cerca com seu cachorro escudeiro. Conversamos um pouco, me chamou a atenção pela formosura da sua montaria, um belo cavalo alazão, muito bem cuidado, com a pelagem linda, lisa e brilhosa, um espetáculo.
Ao me despedir, parabenizei o tropeiro que lidava com o gado, pelo bom trato com sua montaria e também pela organização da propriedade. Comecei a pensar quando eu ainda exercia minhas funções no 1º Regimento de Polícia Montada, em Santa Maria, onde costumava montar a cavalo, no mínimo três vezes na semana, inclusive tive um, também alazão.
Naquele momento eu não deixava de estar montado, pensei comigo de forma silenciosa e solitária. Não em um equino, mas sim, eu estava montado no meu cavalo de aço, que virou minha melhor forma de lazer e prazer. Não tenho dúvidas, que tanto um como outro, nos trazem uma forma de lidar com a vida e nossas emoções, que são similares, e nos mostram um caminho de liberdade e modo de viver.
E assim fluía o pensamento, no sentido que de alguma forma segui os passos do meu pai, ele na lida do campo, e eu viajando o mundo e descobrindo caminhos, montado na minha motocicleta. Mas montado!
Ao adentrar na cidade, em uma das principais avenidas me deparei com o Museu do Gaúcho, onde uma estátua de grande de porte exaltava a figura de um "Gaucho" estilizado, situada entre a cerca e o prédio.
De Alegrete segui para Quaraí, onde as distâncias são largas e as estâncias dão o tom da viagem. O dia rendeu e consegui ir dormir em Itaqui, apesar do forte calor após às 13 h, chegando na boca da noite.
Dia seguinte parti cedinho para Maçambará, por uma estrada que corta lavouras intermináveis de soja. A BR 472 que liga São Borja a Barra do Quaraí, passando por Uruguaiana está em obras de recapeamento, mas ainda tem trechos com muitas imperfeições, muito distantes do tempo em que era quase impossível ver 100 metros de bom pavimento na estrada.
Quando a tarde chegou já estava Bossoroca com a temperatura nas alturas, e um fato inusitado vivenciei no trecho da RS 168, entre a BR 287 e Bossoroca. A estrada que na última vez que havia percorrido, mais parecia um queixo suíço, de tanto buraco, hoje totalmente recapada e com sinalização horizontal revitalizada, você roda praticamente todo esse trecho sentindo as imperfeições do pavimento como se estive em uma estrada de chão, daquelas com infindáveis “costelas de vaca”. Nunca havia passado por uma rodovia nessas condições.
Em Itacurubi, após o registro na Prefeitura, aproveitei para abastecer e fazer um pequeno lanche no Posto de Combustível Mielli, onde encontrei o proprietário Sandro, que também é motociclista. Me contou que em razão do vírus chinês, teve de vender sua moto Shadow 600. Agora está com uma Honda XL 125, ano 1998, que ele mesmo refez para rodar pela região, onde grande parte das estradas são de terra e cascalho. Me reportou também, que planejam ir a Argentina só por estradas de terra, acompanhado de amigos. Trocamos adesivos, pois ele faz parte do MC Os Tauras, de Itacurubi.

No final da tarde já estava de retorno a Santa Maria, com 21 cidades visitadas em dois dias, justamente na região onde as distâncias entre os Municípios são mais extensas.

Com essa antecipação do meu retorno em um dia, não teve jeito, depois de um bom banho já peguei o mapa e rabisquei outro roteiro na região central do Estado, acrescentando mais 8 cidades da região da Quarta Colônia, acrescida de Formigueiro e Restinga Seca, as quais consegui percorrer na manhã do dia 02/02/2022.

Como tinha deixado para registrar algumas cidades as margens da BR 290 quando do meu retorno a Itajaí, rabisquei novamente meu mapa e acrescentei mais 7 Municípios para o dia 03/02.
Ao final do dia fomos para Porto Alegre, onde visitamos meu cunhado Ivan, irmão da Wilma.

Dia seguinte foi só deslocamento para Itajaí, onde chegamos às 15 h, com um total de mais 50 Municípios visitados, bem mais dos 35 projetados.
No dia 20 de abril partimos de Itajaí, SC, com o objetivo de participar do 16º Aniversário da SubSede Planalto Médio, do Moto Clube Bodes do Asfalto, que foi realizada em Passo Fundo no RS. Pernoitamos em Soledade na casa do casal Rui Dipp e Andiara, os quais sempre nos recebem de forma muito carinhosa e atenciosa. Após aquele papo tradicional e um cafezinho, fomos convidados para jantar com os irmãos de longa data, Jorge e Bicudo, acompanhados pelas esposas, e foi uma noite muito agradável de confraternização e bom papo.
Dia 21 partimos de Soledade antes das 9 h em direção a Passo Fundo, acompanhado dos irmãos de Soledade, sem antes eu fazer o registro da Prefeitura de Soledade, que se localiza muito perto da Praça Central e da residência do Brother Rui Dipp.
Chegando a Passo Fundo fomos direto para o evento, que teve um magnífico almoço e a alegria era perfeita entre todos. Encontramos um grande número de irmãos do MCBDA do RS, e tantos outros de SC, os quais conheço na grande maioria, o que muito foi especial. Assunto sobre moto e viagem não faltou, rendeu longas conversas e trocas de informações. E como tudo estava justo entre todos os participantes, a confraternização foi se alongando e chegamos na hora do jantar sem nos dar conta que o tempo havia passado.
Após o jantar nos despedimos dos irmãos, agradecendo o dia de reencontros e encontros, nos recolhemos para o hotel para o descanso merecido.
O dia 22 amanheceu com a temperatura bem baixa e tivemos que reforçar nas roupas de viagem. Após o café, fomos até Prefeitura de Passo Fundo fazer mais um registro para o Valente FC – RS. Localizada na saída da cidade, em direção a BR 285, facilitou nossa chegada e partida. Nossa ideia era pernoitar em Rio do Sul, pois no sábado teríamos outra confraternização da SubSede Foz do Itajaí, em Ituporanga, SC.
Ao longo do itinerário que nos levaria a Rio do Sul, aproveitei para registrar mais alguns municípios, e o primeiro foi Mato Castelhano. A viagem estava tranquila e eu pilotava em velocidade moderada, pois a temperatura ainda era baixa e o Sol não quis dar o ar da graça. Uns 14 km antes de Caseiros, surgiu um alerta no painel da moto informando que a calibragem do pneu traseiro estava baixa. Comecei a monitorar e a pressão do pneu continuava a baixar. Sabia que estava próximo de Caseiros e imediatamente direcionei meu “radar” para encontrar alguma borracharia, ou mesmo um posto de serviço. Na chegada a Caseiros, antes do acesso principal avistei uma borracharia.
Identificado um pequeno furo, foi reparado com “macarrão”, sem a necessidade de remover a roda. Calibrado o pneu, entrei na cidade para fazer o registro na prefeitura. Após as fotos observei novo aviso no painel mostrando que a pressão novamente estava baixa. Como estava perto da borracharia, retornamos e relatamos que continuava a perder pressão. Foi necessário desmontar a roda, e claro que eles não tinham as chaves adequadas. Como sempre rodo com esse kit de chaves, eu mesmo retirei a roda e ainda auxiliei o borracheiro a remover um prego que perfurou o pneu como um anzol, em duas posições.
Vulcanizado o pneu, seguimos viagem, parando novamente em Barracão, onde realizamos o registro na prefeitura e retornamos para a estrada em busca de restaurante para almoçar, pois na cidade não encontramos.
Ao nos aproximarmos da divisa do RS com SC encontramos uma estrada em péssimas condições, com o pavimento totalmente deteriorado. Até parece uma síndrome nas divisas de Estados essa situação, pois tenho observado em muitas regiões, especialmente quando não se trata de uma rota principal.
Chegamos em Rio do Sul no final da tarde, com o trecho percorrido em boas condições e com pouco tráfego.
No sábado participamos juntamente com os Brothers de Itajaí, de uma ótima confraternização no Park Hotel Clasen, um local muito aprazível e com várias opções de lazer.
No domingo tomamos o café com os irmãos motociclistas, mas partimos rapidamente, pois eu precisava chegar em casa antes do meio-dia, para buscar o Number One e minha nora que estavam chegando de viagem, no aeroporto de Navegantes. Ao final tudo ocorreu como planejado e foi mais uma viagem de grandes encontros e muita alegria.
No dia 11 de maio retomei o desafio Valente FC – RS, partindo de Itajaí, SC, agora com a moto XRE 300 que eu havia adquirido a pouco tempo. A tocada até chegar a primeira cidade a ser visitada no RS, Barra do Ribeiro, foi bem tranquila, em velocidade que variou entre 100 e 110 km/h, só pista duplicada por 586 km. A ideia inicial para esse primeiro dia seria 5 municípios, mas como eu havia combinado de visitar um colega de turma de Aspirante 1980, em Tapes, acabei deixando para o dia seguinte a cidade de Sertão Santana.
O acesso a Mariana Pimentel não tem pavimentação asfáltica, mas a estrada estava muito boa e não tive qualquer dificuldade com a moto XRE 300, que se comportou muito bem, permitindo manter uma velocidade em torno de 70 km/h.
O reencontro com meu colega Rosado foi ótimo, relembramos muitas histórias e tive a grata satisfação de saber que seu filho, que reside em Curitiba é motociclista e está iniciando a realizar grandes viagens. E para coroar o encontro não pode faltar um suculento churrasco feito por um fraterno amigo nascido na campanha, em Santana do Livramento.
No dia seguinte recuperei o município do dia anterior, Sertão Santana, onde aproveitei para fazer uma limpeza e lubrificação no conjunto da relação da moto. Depois segui para Cerro Grande do Sul, acesso desde a BR 116, de estrada de chão, com trechos bons e outros nem tanto, mas com a XRE 300 foi um passeio, pois a moto demonstrou ter uma suspensão muito macia.
Na sequência fui fazer o registro em Arambaré, Chuvisca e Dom Feliciano, e já no final da tarde voltei a BR 116 para pernoitar na cidade de Cristal, percorrendo no dia 396 km.
Na manhã seguinte após o café, observei que havia muita neblina e a temperatura estava em torno dos 6 graus. Segui para Amaral Ferrador, trecho todo de estrada de chão, na maior parte bem conservada, muitas curvas, e nas primeiras horas da manhã praticamente sem movimento. Cheguei em frente a Prefeitura ainda com muita neblina e frio. Um funcionário da pequena Prefeitura veio conversar, pois também curte o motociclismo. Me ofereceu café e me falou um pouco da jovem cidade que estava completando 34 anos de emancipação.
Depois de registrar a Prefeitura de Arroio do Padre, fiz uma parada em Pelotas para almoçar com meu estimado Brother Rui Araujo, que também está realizando o desafio Valente FC – RS. Colocamos a conversa em dia e o Rui me acompanhou até o entroncamento da BR 116 com BR 293, onde nos despedimos, para eu seguir em direção a Arroio Grande, mais ao Sul.
Na sequência foi a vez de visitar Herval, cidade conhecida na região Sul como Sentinela da Fronteira, pois faz limite territorial ao Sul com o país vizinho, Uruguai. Depois segui para Pedro Osório e Cerrito, cidades distantes 4 km uma da outra. A prefeitura de Cerrito estava em obra de manutenção e pintura externa, aliás tanto a sede da Prefeitura como a cidade, é muito acanhada.
No final da tarde cheguei a Piratini, cidade história do RS, foi a capital da República Rio-Grandense no período da Revolução Farroupilha entre os anos de 1836 a 1845. Possuí vários prédios tombados e parece viver da história, pois avançou muito pouco em desenvolvimento sócio-econômico desde lá. Logo ao chegar na cidade tive tempo de buscar uma barbearia para cortar o cabelo, onde ouvi boas histórias do barbeiro que se vestia a caráter, com traje tradicional gaúcho.
Após fazer o registro na Prefeitura, fiz um giro pela cidade para fazer algumas fotos, visto que no dia seguinte seria sábado, e os museus estariam fechados a visitação.
Para fechar o dia me hospedei no Hotel Farroupilha e fui jantar no Restaurante Pialo, muito bom. Apesar de ser turística, a cidade carece de hotelaria e restaurantes.
Sábado pela manhã com temperatura de inverno antecipado e nevoeiro, segui para Pinheiro Machado e de lá para Pedras Altas. A estrada foi uma das piores que já transitei. Seguramente havia muito tempo que não tem manutenção, pois as erosões eram absurdas. E um pequeno trecho que um dia foi asfaltado se transformou em uma terrível armadilha, um perigo para qualquer veículo.
Fiquei impressionado como os caminhões e até as carretas que transportam a produção de gado da região, circulam por aquela rodovia estadual, RS 608. Um crime contra os produtores da região.
Chegando nessa pequena cidade, que se emancipou em 1996, e que mais parece continuar uma pequena vila, como na sua fundação, e que passou a ter importância na região pela linha férrea e estação, que por lá foi construída nos idos de 1898. Mas a localidade passou a ser conhecida com o estabelecimento da Granja Pedras Altas, pelo seu idealizador Joaquim Francisco de Assis Brasil. Ele foi um homem que estava bem além de seu tempo, advogado, diplomata, e político proeminente no RS, e no Brasil, trouxe das suas visitas ao exterior grandes avanços para a agricultura e pecuária brasileira, sendo pioneiro no confinamento da raça Jersey e da ordenha no país.
A propriedade que tive o privilégio de visitar, apesar de estar fechada ao público para manutenção e reforma pelo novo proprietário. Os herdeiros da família Assis Brasil acabam de vender a propriedade para um empresário de Santa Maria, RS.
A partir de informações do proprietário do posto de gasolina local, me aventurei a tentar entrar na propriedade. A esposa do encarregado da propriedade após minha apresentação, se dispôs a fazer um telefonema ao marido, que autorizou eu entrar a pé.
Estava me aguardando próximo ao belo Castelo das Pedras Altas, construído pelo Joaquim F. Assis Brasil. Após minha apresentação, argumentação do meu projeto de viagem, de onde vinha e tal, se estabeleceu uma empatia instantânea e ele me mostrou toda a propriedade, exceto adentrar ao castelo, pois está todo monitorado por câmaras e só o proprietário autoriza quando por lá está, de abrir a visitantes antes da conclusão das reformas projetadas.
O projeto contempla a recuperação total do castelo e demais dependência da propriedade para futura visitação turística.
Alguns dados que o Enio me passou é de impressionar à primeira vista, como os 12 quartos do castelo, cada um com lareira. A construção teve início em 1903 e sua conclusão em 1013, e ao todo são 44 cômodos e possuía iluminação que usava um tipo de gás a base de carbureto produzido por uma engenhoca, que canalizava até as luminárias.
A propriedade é um espetáculo, arquitetura em estilo medieval e inspirações nos famosos castelos europeus, e nos faz pensar sobre a sua construção com tanta qualidade e beleza naquela época que o acesso a tudo era difícil. A biblioteca do castelo segundo me informou o Enio, é a segunda maior biblioteca particular da América Latina e conta com aproximadamente 25 mil livros.
Uma raridade ameaçada pelo abandono dos herdeiros com a manutenção do castelo, que sempre foi um sonho de Assis Brasil em transformá-lo em uma propriedade aberta a população, especialmente a biblioteca. Mas isso só agora parece ter uma real possibilidade, pois jamais foi realizado. O castelo parece ser a razão de Pedras Altas existir até os dias de hoje.
Chama a atenção de qualquer visitante atento, uma frase nos ladrilhos de acesso ao castelo mandado insculpir por Assis Brasil.
“Bemvindo a mansão que encerra. Bura(Dura) lida e doce calma: O arado, que educa a terra: O livro, que amãnha a alma.”
Espero ainda ter o privilégio de poder retornar e visitar o Castelo das Pedras Altas, após sua restauração e abertura ao público. Digo isso pois presencie intenso trabalho na propriedade, o que me permite essa esperança.
Após várias fotos e agradecer a cordialidade e atenção do Enio, me despedi dele e da família e ainda fui fazer alguns registros da pequena cidade.
Segui para Candiota, mas por uma estrada municipal que liga as duas cidades, passando pela Usina Termoelétrica Presidente Médici, antes de chegar à cidade. Estrada de terra que estava em ótimas condições de trafegabilidade, infinitamente mais segura que a RS 608 para Pinheiro Machado.
Feito o registro em Candiota, ainda deu tempo para uma paradinha no monumento a Batalha do Seival, as margens da BR 293. Depois foram Bagé, Dom Pedrito, Santa do Livramento e terminei o dia em Rosário do Sul, terra do FC Rui Araújo, e cidade da praia das areias brancas, do Rio Santa Maria, onde pernoitei.
Dia seguinte, um domingo que amanheceu chuviscando, segui para registrar a prefeitura de São Gabriel. Uma tristeza ao chegar em frente à prefeitura, um prédio que é histórico, com sua construção em estilo capitólio de 1922, embora com boa pintura, sua entrada principal estava completamente tomada de pichações.
O registro dos municípios de Santa Margarida do Sul e Vila Nova do Sul foi rápido, pois as duas cidades estão localizadas nas margens da BR 290.
Antes de me deslocar para Santa Maria, onde a Wilma me esperava, fiz um desvio para a direita na BR 392, em direção a Santana da Boa Vista, para fazer uma visita ao grande irmão e motociclista Sezefredo Lopes. Estava em sua nova morada no interior do município e tive certa dificuldade de chegar, pois com a chuva a estrada estava difícil de rodar. Pelo caminho, me deparei em uma colina, com seis caminhões transportando madeira, atolados e impedindo o tráfego devido a estrada municipal ser muito estreita. Como eu estava de moto, consegui passar com cautela por um pequeno espaço de um metro entre os caminhos e a vala.
A recepção foi típica da campanha, churrasco, comida campeira da melhor qualidade, e doces caseiros, tudo feito pela família. De quebra conheci a D. Rosa, mãe do Lopes I, o seu irmão Alci, e cunhada Neiva. Foram momentos de confraternização e alegria, em um ambiente muito aconchegante e que tem uma importância afetiva muito grande ao meu Brother, com uma linda vista da região, justificando o nome da propriedade de Bela Vista.
Antes do entardecer enfrentei mais um pouco do barro até chegar a BR 392, que me levaria a Santa Maria, onde cheguei por voltas das 17 h e 30 min.
Na segunda-feira foi dia percorrer algumas cidades da região que não dispõem de acesso pavimentado. Segui para Toropi, depois para Quevedos. Na minha última estada em Quevedos, a localidade ainda era Distrito de Júlio de Castilhos. Foi um dos lugares que me surpreendeu muito nessa minha incursão pelo RS, pois pude constatar um crescimento relevante e muito bem planejado, com prestadores de serviço atenciosos, estabelecimentos com ótimo padrão, limpeza de dar inveja em muitas cidades antigas ou badaladas. Gostei muito.
Outra cidade que fiquei feliz de rever foi Jari, antes Distrito de Tupanciretã, muito parecida com o padrão de Quevedos. Registro meus cumprimentos a população e as administrações destas duas cidades.
Antes de retornar a Santa Maria, foi a vez de passar por São Martinho da Serra, que me pareceu não ter mudado muito, além da estrada de terra que está em obras para pavimentação. Espero que a chegada do asfalto favoreça o crescimento do Município.
Dia 17 segui em direção a Quarta Colônia, próximo a Santa Maria, onde comecei por Pinhal Grande, distante 97 km. Depois por estradas municipais de terra, com algumas Serras e muita mata, cheguei a Ivorá. Outra cidade que se desenvolveu significativamente, especialmente em razão da boa gastronomia italiana, o turismo religioso e as belas cachoeiras da região.
Estando da cidade, me lembrei que um grande colega da Brigada Militar, e que também foi Prefeito da cidade, Major Binotto, possuí residência no Município. Fiz contato através de uma funcionária da Prefeitura, pois meu telefone da Claro estava sem sinal.
Combinamos de almoçar juntos e me permitir dar um abraço fraterno, o que rendeu uma ótima conversa, e depois ainda tivemos tempo para conhecer a residência do amigo e tomar um café passado. Um dia de boas lembranças.
Retornado a Santa Maria, deixei a motoca para descansar até o próximo roteiro.
Dia 02 de julho segui para Santa Maria, pernoitando em Porto Alegre, chegando no dia seguinte a fim de preparar a motoca e a mochila...
Em razão de alguns compromissos agendados e minha carteira de habilitação estar por vencer, acabei permanecendo até o dia 05, quando renovei minha CNH, pois vencia no dia seguinte.
Tudo encaminhado e com a CNH renovada, de posse da versão digital, parti na terça-feira, 06/07 para cumprir o roteiro que havia rabiscado com o auxílio do mapa rodoviário do RS, que baixei do site do DAER-RS.
Moto pronta, parti para a ruta com o primeiro pit stop em frente a Prefeitura de Júlio de Castilhos, cidade onde iniciei o exercício da minha primeira função de comando como oficial, no ano de 1981. Boas lembranças voltaram a minha mente, pois sem dúvida foi uma prova “de fogo”, para quem a poucos meses havia saído da Academia. A cidade na época tinha fama de violenta e os índices corroboravam. Além de ter um efetivo com alto índice de indisciplina e eivado de maus vícios, técnicos e comportamentais, e com pouco apoio da população e autoridades.
Fui assumir a função de Comandante muito contrariado, pois pretendia ficar em Santa Maria para cursar Direito na UFSM, mas com o passar dos anos, fiquei grato por ter tido aquela oportunidade. Foi uma verdadeira escola de comando de fração isolada, que me proporcionou aplicar com independência os conhecimentos adquiridos na Academia, obtendo resultados muito positivos em todos os aspectos, tanto para a segurança da população, interação com as demais autoridades, controle e aprimoramento do efetivo empregado no policiamento ostensivo e administrativo. Bateu a saudade daqueles tempos difíceis, mas exitosos, que me levaria a granjear o respeito e a confiança de muitos Comandantes, com os quais tive a oportunidade de ombrear.
A cidade melhorou muito nos últimos anos, apesar do grande retrocesso das Cooperativas de grãos e carne.
Em frente Prefeitura, onde participei de muitas reuniões estratégicas para o município, fiz o registro sob o olhar de muitas pessoas, especialmente as que se encontravam sentadas nos bancos da praça.
Cruzei a cidade pelas Avenidas Borges de Medeiros e Getúlio Vargas, agora asfaltadas, para tomar a RS 527 em direção a Tupanciretã. Estrada sem pavimentação, mas em bom estado de conservação, muito diferente dos anos 80.
O GPS estava roteado direto para a Prefeitura Municipal, no centro da cidade, a qual não me surpreendeu muito. Após o devido registro, igualmente cruzei a cidade para buscar o acesso da BR 392 que me levaria a retornar a BR 158. E para manter a tradição ao passar por esse trecho da estrada, fiz uma parada para comer o tradicional pastel no Posto Botoqueiro, que é muito bom e mantém a qualidade há muito tempo.
Antes um pouco de Cruz Alta, virei à direita em direção a Boa Vista do Incra, pela BR 481. Munícipio pequeno, com menos de 1.500 habitantes, que fora emancipado em 1996. Embora possua ótima apresentação, até por ser uma cidade nova, mas carente de infraestrutura, como de regra os municípios desse porte.
Retornando a BR 158, cheguei a Cruz Alta por volta das 12 h e 50 min, e igualmente fui direto fazer o registro da Prefeitura, que fica em frente à praça central. O Palácio da Intendência, como é conhecido por ser um prédio histórico, construído a partir de 1911 e concluído em 1914, estava com “tapume” a sua volta face a restauração em andamento, com vistas as comemorações de aniversário de emancipação do Município.
Aproveitei esse momento para comer uma barra de cereal e me hidratar, ali mesmo, na praça, e segui para Boa Vista do Cadeado, para depois chegar em Ijuí, que na língua Guarany significa “Rio das Águas Divinas”, uma das principiais cidades da região. Ijuí continua, como sempre bem cuidada e crescendo, e é uma referência regional na prestação de serviços.
A seguir registrei as cidades de Catuípe, Augusto Pestana e Joía. Finalizei o dia registrando Coronel Barros, onde o irmão e parceiro de grandes aventuras, Edson Steglich me aguardava na casa do seus pais, Sr. Orlando e Sra. Hertha. Para manter a tradição e a fraternidade, preparou um ótimo churrasco que foi servido com um excelente vinho, e a boa conversa se estendeu até por volta das 22 h e 30 min, com muita história na roda. Ouvir a história da família Steglich, de origem alemã, e da D. Hertha, de origem russa, sempre nos mostra bons exemplos e lições de vida. Um privilégio!
Na manhã seguinte, D. Hertha já estava com a mesa pronta para o café logo cedo, tipo 7 h e 30 min, que mais parecia hotel cinco estrelas, ou aquele tipo café colonial, enquanto Sr. Orlando tomava seu chimarrão matinal.
Aí não teve jeito, o papo continuou no café e se estendeu até lá pelas 10 h. Como não estava com presa até esqueci do relógio. Registrei minha estada na casa dos pais do Edson e tive de que despedir para voltar as rutas.
Comecei por Eugênio de Castro, Entre-Ijuís, Santo Ângelo, esta última, uma das cidades mais importantes da região das Missões, e segui até Vitória da Missões.
Na sequência foi a vez voltar a cidade ícone missioneira, São Miguel das Missões, onde está a missão jesuítica mais importante e preservada do Brasil. O Sítio Arqueológico de São Miguel das Missões é um dos principais pontos turísticos do RS e foi declarado Patrimônio Mundial pelo UNESCO em 1983. Quem tiver oportunidade, não deixe conhecer, e reserve um período razoável, pois a região das Missões é bastante extensa e possuí muita história.
Depois de passar por Caibaté e Mato Queimado, fui a Rolador antes de entrar em São Luiz Gonzaga, onde a RS 165 está em obras de pavimentação, com muitos desvios e trechos ruins.
Minha intenção era de pernoitar em Santo Antônio das Missões, para no dia seguinte fazer o trecho de 60 km de estrada de chão para Garruchos, mas após o registro na Prefeitura fui conferir o hotel e a pousada disponível, e embora eu não seja muito exigente, não me atrevi a encarar o que me foi apresentado. É bem verdade que no hotel, havia apenas um quarto disponível, não conheci os demais.
Assim, retornei à São Luiz Gonzaga já na boca da noite, onde a oferta de hotéis é melhor.
Na manhã seguinte, 07/07, parti para ruta por volta das 8 h em direção a Garruchos. A RS 176 que parte da BR 285 em Santo Antônio da Missões, não é pavimentada, mas estava em boas condições e não trouxe qualquer dificuldade para a chegada na cidade que fica às margens do Rio Uruguai, fronteira com a Argentina.
As instalações da Prefeitura são bem acanhadas apesar de ter sido emancipada em 1992, e a cidade de modo geral se apresenta muita precariedade. Aproveitei para descansar um pouco em frente à Prefeitura, comer uma maça e me hidratar, enquanto fazia o registro fotográfico. Logo vieram alguns funcionários conversar e não tardou apareceu o Prefeito Roland, Sr. de fala mansa e muito simples. Após eu utilizar o sanitário da Prefeitura que me foi franqueado, o Prefeito e um funcionário me convidaram conhecer a barranca do rio, onde está sendo construído a rampa de acesso da balsa para travessia ao lado argentino, que já está pronta. Também estão realizando uma obra com espaço de lazer na margem do rio.
Com as informações precisas do Prefeito e funcionários, segui por algumas estradas municipais em direção a São Nicolau, diminuindo o tempo e menos km em estrada de chão. Na divisa dos municípios a travessia sobre o Rio Piratini é realizada por uma balsa, daquelas antigas, onde o balseiro usa a guia de um cabo de aço e a força da correnteza para movimentar e atracar a balsa, um sistema bem rudimentar.
Depois da travessia, a cidade de São Nicolau fica distante uns 10 km da margem do rio, com estrada estreita, mas em boas condições.
São Nicolau, que eu não conhecia, atendeu minhas expectativas, pois é rica com sua história desde os tempos das Reduções Jesuíticas. Destaca-se com o prédio da Prefeitura que tem uma história importante a nível nacional, onde funcionou uma Unidade do Exército. Entre outros pontos históricos e turísticos da cidade, se sobressai o Sobrado da Família Silva. Construção que data de 1903, imponente para a época. No momento da minha visita um professor e historiador local, ministrava palestra a uma turma de jovens alunos de uma escola municipal. O velho casarão fora construído com pedras das Reduções Jesuíticas, o que talvez explique sua resistência. A cidade é muito aconchegante e muito organizada.
Segui para Dezesseis de Novembro, Roque Gonzales e depois a Pirapó, por uma estrada municipal e onde novamente fiz outra travessia do rio por balsa. Mas essa era um pouco mais moderna, além da guia do cabo de aço, possuía um pequeno motor que auxiliava e tornava a travessia da balsa mais rápida.
Retornei pela mesma balsa e segui para os registros dos municípios que ficam as margens do Rio Uruguai, divisa com a Argentina. A começar por Porto Xavier, Porto Lucena, Porto Vera Cruz, e depois de passar por Santo Cristo e Alecrim, voltei a fronteira com Argentina para registrar Porto Mauá. Todos esses municípios fronteiriços possuem travessia de balsa para a Argentina, todos ligados por pavimentação asfáltica.
No final da tarde passei por Tuparendi e na boca da noite registrei Santa Rosa, outra cidade referência regional, onde pernoitei.
A sexta-feira amanheceu fria e com nevoeiro. Por volta das 8 h e 30 min parti para Candido Godoi, depois Campina das Missões, cidades pequenas, mas muito bonitas e bem cuidadas, onde se observa uma população laboriosa. Campina das Missões é o município do RS com a maior colônia de descendentes russos, vindo da região da Sibéria, que se dedicam a manter os costumes, a fé e a sua cultura.
Uma boa surpresa foi na chegada ao Município de São Paulo das Missões, onde a etnia predominante é alemã, e é conhecida como o “Cantão Suíço das Missões”. Ao circular na pequena cidade, muito florida e cheirosa, realmente parece estamos num pedaço da Suíça em razão do estilo das construções. O cuidado com a cidade é algo que se observa sem qualquer esforço, tornando a cidade bonita e acolhedora.
A próxima cidade que registrei foi São Pedro do Butiá, também muito organizada e bonita, com sua população também de origem alemã, vindos da região de Hunsrück. A quantidade de caminhões transportando suínos nas rodovias do entorno, justificam o título de ser o município gaúcho maior produtor per capta de leitões. Só é remendável ficar afastado, mantendo boa distância, ou ultrapassar rapidamente...
O próximo registro foi Salvador das Missões, pequena cidade com aproximadamente 3 mil habitantes, onde predomina a agricultura com pequenas propriedades e uma grande diversidade de culturas. É conhecida na região como a “Terra do Cooperativismo”.
O Município na sequência, Cerro Largo, o qual também não conhecia, e foi muito gratificante perceber que uma cidade com pouco mais de 13 mil habitantes, com a população de forte etnia alemã, pulsa uma economia vibrante, com indústria e comércio forte, além da agricultura diversificada. A cidade é bonita, preserva sua cultura através de casas e construções com estilo arquitetônico “Enxaimel”, que chama atenção pela característica típica.
Depois de fazer uma incursão para o registro do pequeno município de Ubiretama, por uma estrada vicinal, estreita e sem acostamento, segui pela BR 392 até Guarani das Missões. Pouco antes de entrar cidade, entrei em uma estradinha para conhecer o Santuário Nossa Senhora da Czestochowa, na Vila Bom Jardim. Lugar de muita tranquilidade e que literalmente é um verdadeiro jardim.
A cidade é conhecida como a “Capital Polonesa dos Gaúchos”, embora hoje possuí uma miscigenação de etnias, como suecos, primeiros colonizadores, italianos, alemães, russos, nativos, portugueses, tchecoslovacos, austríacos, espanhóis e ucranianos. A cidade se destaca pela agricultura familiar com diversidade de cultura, e a pecuária leiteira. As construções se destacam pela peculiaridade das etnias.
Para fechar o dia por volta das 13 h, registrei as prefeituras de Sete de Setembro, Giruá e Senador Salgado Filho. Depois de um rápido lanche iniciei meu retorno a Santa Maria, pois tinha um compromisso social em Caxias do Sul, no sábado.
A região da Missões é um manancial de cultura e história que merece ser visitada, e que se pode dar uma espiada em: https://www.rotamissoes.com.br/

Continua no próximo post!

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